A partir de uma tênue linha de tempo e nos limites de um texto para debate, situa-se aqui o histórico da universidade, da medieval à atual. Destacam-se aspectos relacionados ao quanto e ao como esta veio sendo tutelada, desrespeitada em sua proclamada autonomia, até chegar ao extremo de sua completa regulação heterônoma. Para resumir, dir-se-ia que esse locus espácio-temporal chamado universidade caracteriza-se como um espaço-tempo colonizado. Após passar, em rápidas pinceladas pela questão dos modelos clássicos de universidade, visualiza-se como as instituições de educação superior se inserem no Brasil imperial e republicano. Em seguida destacam-se as três experiências de universidade – a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade do Distrito Federal (UDF) e a Universidade de Brasília (UnB), todas públicas, embora de instâncias administrativas diferentes, que, a seu tempo, representaram o melhor com que o Brasil pôde contar como instituições universitárias, independentemente de terem sido suprimidas ou desviadas do seu desiderato fundacional.
Refletir sobre a Universidade, historicamente concebida como locus da Educação Superior, interessa a todos que vivem em sua órbita – estudantes, professores, técnicos –, como àqueles que a veem como importante instituição produtora de saber científico e formação humana integral. Por isso mesmo, constituiu-se, ao longo do tempo, como síntese das relações sociais em que esteve inserida. No século XXI, disputa-se a hegemonia econômica, política e cultural sobre esse nível de ensino, interesses sociais burgueses perpassam os projetos educativos realizados nas Instituições de Ensino Superior (IES), coerentemente alinhados ao atual estágio de desenvolvimento capitalista: o financeiro. As discussões postas para debate na obra objeto desta resenha – Da universidade à commoditycidade: ou de como e quando, se a educação/formação é sacrificada no altar do mercado, o futuro da universidade se situaria em algum lugar do passado –, de autoria de Lucídio Bianchetti e Valdemar Sguissardi, situam o leitor quanto ao projeto de classe burguês que a domina, materializado nas formas mercantis que a atingem.
Leia Resenha de Fernanda de Aragão Mikolaiczyk.